segunda-feira, 30 de junho de 2014

Três meses...

Amanhã fazem três meses que chegaste.
Que mudaste a minha vida de uma maneira que eu nunca pensei ser possível.
Que fizeste de mim uma mamã.
Mas fazem também amanhã três meses que levaste contigo uma parte de mim.
Faz amanhã três meses que os meus dias não têm o mesmo brilho, que o mundo perdeu a leveza de acreditar "que vai correr tudo bem".
Faz amanhã três meses que me deste a tarefa mais difícil que qualquer mãe pode ter, ser mãe de um filho que parte antes de nós.

Amo-te tanto Nô, mas tanto...
Saudades tuas minha princesa, saudades nossas... <3

terça-feira, 24 de junho de 2014

8 dias

Faltam oito dias para encerrar o capítulo mais triste da minha vida.
Há longos 3 meses que me pergunto o que correu mal, de um momento para o outro... Mas daqui há oito dias vou ter uma resposta. Mesmo que inconclusiva, vou ter uma resposta.
E talvez aí o meu coração se acalme. Talvez aí eu volte a vida. Talvez aí a dor dê lugar às saudades do futuro que não vou ter com a minha menina. Talvez aí tudo se torne mais fácil... Talvez aí o sol brilhe outra vez.

Amo-te boneca!... <3

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Saudade...

É possível se ter saudades daquilo que não se viveu?
É possível se ter saudades de um olhar que nunca se viu?
É possível se ter saudades de um choro que nunca se ouviu?
É possível se ter saudades de um futuro que nunca vai chegar?
É possível se ter saudades de um cheiro que nunca se sentiu?
É possível se ter saudades de um abraço que nunca foi dado?

Sim, é. É possível isso tudo e muito mais quando se perde um filho.

Amo-te muito meu pedacinho do paraíso, tenho muitas saudades tuas e de tudo aquilo que nos foi permitido viver...

Beijinho da mãe <3

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Dia mau, com força...

Ontem foi, definitivamente, um dia mau. Mau não, péssimo.
É uma dor que dilacera, que desespera, que faz querer com que tudo acabe... Porque não vemos mais nada, não sentimos mais nada, falta-nos a esperança.
Existem pessoas que dizem que não devia mais ter reações dessas, já passaram 2 meses e meio... Existe prazo para se chorar? Para se sofrer? Existe alguém que alguma vez tenha conseguido recuperar da perda de um filho?
Eu não posso simplesmente enfiar a cabeça de baixo da terra e fingir que não aconteceu, que ela não existiu... Ela existiu, carreguei-a durante 9 meses dentro de mim, dei a luz a uma bebé que nunca chegou a ver a tal luz... Não posso esquecer, nem quero esquecer, ela era o melhor de mim, a minha obra mais perfeita. É e vai ser sempre a minha menina, por mais filhos que tenha.

Amo-te Nô, muito...
Um beijinho daqui até ao céu <3

domingo, 15 de junho de 2014

Dor solitária..

O tempo está a passar e a verdade é mesmo essa: dói menos.
Já não dói como há dois meses atrás, nem de longe... Mas as saudades... As saudades daquilo que eu não vivi, daquilo que não aproveitei, daquilo não senti, porque ela se foi cedo de mais.
Curiosamente, me tem custado mais agora ver bebés do que ao início... Não propriamente porque não consigo ver bebés, mas porque é difícil não imaginar como estaria a minha Nô se estivesse connosco... E porque, confesso, quando vejo um bebé com a idade mais ou menos como a dela, acabo sempre por pensar "porque a mim, porque a nós"...
Se aproxima o dia em que vamos saber, ou não, o que se passou connosco e estou cada vez mais ansiosa...
02/ 07/ 2014, exactamente quando fazem três meses em que sai daquele mesmo hospital com braços vazios e um coração desfeito.
Ironia do destino.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Eu só queria...

Eu só queria saber o porque de tudo ter acontecido.
Eu só queria compreender porque a mim.
Eu só queria ter ouvido o teu choro, sentido a tua pele, ter visto o teu rosto, com vida.
Eu só queria sentir o que é ser mãe e ter-te nos meus braços.
Eu só queria poder voltar atrás e te ter "salvado".
Eu só queria saber como estarias se estivesses cá, como seriam as nossas vidas com a tua presença...

Mas nada disso vai acontecer. Porque não posso voltar atrás no tempo, porque nada te traz de volta, porque acredito que Deus nos livrou de um mal maior. E apesar de sentir a dor que sinto, de às vezes as saudades serem tão grandes que quase me faz parar a respiração, prefiro dar a minha vida pela tua, que seja eu a sofrer, e não tu.

Amo-te tanto filha, mas tanto...

sábado, 7 de junho de 2014

Olhar para o lado..

Por mais que a dor seja grande, às vezes é preciso olhar para o lado. Porque há sempre, sempre alguém que sofra mais do que nós. E nem sempre se aplica aquela frase "com a dor dos outros posso eu bem". Às vezes olhamos para a dor dos outros e vemos que a nossa dor, apesar de grande, não é assim tão má quanto poderia ter sido. E digo, não posso bem com a dor deles, porque se com a minha já dói o que dói, não quero pensar no quanto dói a dor deles.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Como seria..

Vejo fotos de bebés com dois meses, e imagino como estarias... Eu estou conformada. Estou, mesmo. Mas às vezes me revolto. Porque a mim? Porque a nós? Porque as outras pessoas podem ter os filhos, vivos e bem, e eu não pude? Não é justo... A vida não é justa.
Tenho saudades tuas meu amor, tantas que quase me faz parar a respiração...
Amo-te filha, um beijinho daqui até ao céu e mais um bocadinho <3

terça-feira, 3 de junho de 2014

Atenuar

As marcas físicas estão a tornar-se ténues.
A linha negra que começou a aparecer perto dos dois meses está a ficar cada vez mais clara.
A barriga está a voltar para o lugar.
As roupas estão novamente a servir.
As manchas mais escuras do pescoço e olhos também estão a clarear.
As borbulhas voltaram a aparecer.

Todos os dias apercebo-me que as marcas físicas estão a desaparecer, que estou a voltar a ser eu "mesma". Se bem que a parte do voltar a ser eu mesma não existe, ninguém volta a ser quem era depois de uma gravidez, ninguém volta a ser o mesmo depois de perder um filho.
Na semana passada fiz uma ecografia ao coração, disseram que estava tudo bem... Eu olhei, olhei, a procura da minha mais nova cicatriz... Não se vê.
As marcas físicas estão a desaparecer, mas aquelas que são invisíveis aos olhos, essas estão aqui... E vieram para ficar.