quinta-feira, 16 de abril de 2015

Os gatos

Eu sempre quis ter um animal de estimação.
Não me lembro de ser uma criança com medo de animais (à excepção daqueles mais nojentos), os cães sempre me fascinaram! Com os gatos, apesar de os achar lindos, sempre tive algum respeito, pois a reputação deles não é a melhor... De qualquer das formas, não me lembro de ter medo de gatos também.
Lembro que uma vez o avô Nelson apareceu com um cão pequenino lá em casa... Era lindo! Eu estava tão contente... Mas, para a minha sorte, (ou então não), sempre fui uma pessoa extremamente alérgica. E a avó Neusa sempre foi contra ao facto de haverem animais em casa, justamente por isso, o avô teve que devolver o cãozinho... Ainda hoje lembro-me do quanto chorei. Acho que o pequeno animal não passou mais do que umas horas na minha casa, mas foi o suficiente para me roubar o coração.
Passaram os anos, a vontade persistia, e lá convenci a avó a ter um bichinho. Um cão estava fora de questão, pois dão trabalho e, apesar de gostar imenso, não me estava a ver a levantar de manhã mais cedo que o habitual para ir levar o pobre animal à rua antes de ir trabalhar. Pelo que então, a escolha foi um gato. Mas qual gato? Um rafeiro. Comum Europeu, um nome mais pomposo. A filha de uma pessoa amiga que era veterinária tinha dois gatinhos para dar, um amarelo e um preto... Escolhi o amarelo. Nunca lhe vi uma fotografia, imaginava-o como a maioria dos gatos amarelos que andavam aí. O nome quem escolheu foi a avó, Miguel Maria.
30/11/2005. O dia que a minha vida mudou para sempre. O meu gato amarelo chegou... Bem, mais parecia um morcego amarelo, tinha umas orelhas enormes, um focinho pequeno e um acumulo de banha na zona da barriga. Ainda não tinha três meses.
Nunca foi um gato "normal". Nunca quis dormir sozinho, mas se o punhamos na cama, quem não dormia éramos nós. Gostava de companhia, de andar ao ombro, de dormir dentro de casacos. Sempre mostrou quando estava aborrecido, mordiscava-me o calcanhar para lhe dar comida, ainda que tivesse meia dúzia de bolotas na taça dele, eu tinha que por mais, sempre por volta das 20h.
Não era um gato que andava na vida dele e que às vezes lembrava dos donos, nunca foi... Era um gato que fazia dos donos a vida dele. Se estivéssemos em casa, lá estava o nosso companheiro connosco. Na maioria das vezes a dormir, mas estava sempre lá.
Em 2008, salvo erro, achamos que lhe fazia falta uma companhia... Tendo em conta que era castrado e que eu sempre ouvir dizer que as fêmeas têm uma personalidade mais vincada do que os machos (deve ser alguma condição inerente ao ser mulher), decidimos por mais um gatinho. Dessa vez a avó realizou um sonho... Um Maine Coon. Uma bola de pêlo autêntica. Ao contrário do meu Micos, o senhor Gabriel Maria (mais uma vez escolha da avó) era um gato de catálogo. Extremamente meigo, não sabe miar (uma característica da raça), um bocado atrapalhado em relação ao outro, um bocado mais independente, mas também muito amigo e companheiro.
O meu Micos não convivia com outros animais, mas logo adoptou o Bibis como filho... Entretanto, o Bibis trouxe um bicharoco qualquer, e o Micos ficou muito doente... Que dor. Eu pensei que ia perder o gato amarelo (que nessa altura já se parecia um gato a sério)... Mas graças à Deus recuperou. O Bibis também nos deu um susto... Dessa vez a culpa foi da avó. Deu-lhe um desparasitante que não era adequado ao peso dele, aquilo lhe atacou o fígado... Andou mesmo mal, mas também recuperou.
O meu Micos faz 10 anos em Setembro, e o Bibis 8 em Dezembro. Tenho ouvido histórias de gatos que duram imensos anos, tenho a noção de que vão durar mais alguns anos, mas não tantos quantos os que eu gostaria. Não vejo a minha vida sem eles. São uns companheiros gigantes.
No dia antes de partires, o Miguel andou sempre em cima da barriga, como se estivesse a despedir-se de ti... E lembro-me o quanto gostavas deles, mal se punham ao pé da barriga a ronronar, tu davas imensos pontapés :')
Depois de tu partires, quando eu e o pai voltamos para casa, eles também sabiam que algo não estava bem. Não miavam, não pediam festas... Limitavam-se a estar connosco, sempre connosco. Dormiamos muitas vezes até perto do 12:00h, e eles estavam ali, nos pés do sofá, connosco.
Conforme nós melhoramos, eles também começaram a arrebitar. 
Olho para eles a dormir, e pouca coisa no mundo me acalma tanto... As marradinhas, o amassar pãozinho, as lambidelas... <3
Peço a Deus que permita que os dois morram na minha presença, nos meus braços, a serem amados, como sempre foram. Não suporto a ideia de os ver sofrer... São os meus melhores amigos de quatro patas.
Não consigo conceber o que leva alguém a maltratar um animal... Depois das crianças, são os seres mais indefesos que existem.
Depois deles partirem, não quero a casa sem um animal de estimação. Não quero a casa sem um gato. Descobri no ano passado que sou alérgica a gatos, mas também sou ao pó e continuo a limpar a casa... Por tanto, tenho que convencer ao teu papá a termos outro gato. Ou dois, eles precisam de companhia :P
Mais do que os meus gatos precisarem de mim, sou eu que preciso deles...

Os nossos anjos, Miguel e Gabriel <3

Amo-te Pipocas! <3

Beijinho da mãe...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Mais uma vez, aquelas coisas que eu não compreendo...

Em Agosto do ano passado, houve um caso de uma bebé, que também se chamava Leonor e que também tinha quatro meses... Mas que não conheceu nada de bom enquanto cá esteve, uma vez que morreu vítima de actos de crueldade por parte dos próprios pais. Este caso tocou-me imenso na altura, pois eu dava tudo para te ter trago com vida para casa, e pessoas que tiveram essa oportunidade, não a souberam aproveitar.
Hoje, mais um.
Um bebé de seis meses que foi esfaqueado pelo próprio pai. E eu não compreendo... Não sei se estes ditos pais têm algum momento de consciência, mas se tiverem... Gostava tanto que eles sentissem o que eu senti. Gostava que eles amassem tanto os seus filhos e que a oportunidade de vê-los com vida e crescer lhes fosse tirada. Gostava que eles sentissem o desespero que eu senti quando soube que já não estavas connosco. Gostava que eles tivessem saído de braços vazios da maternidade. Gostava que eles tivessem chegado em casa e tivessem encontrado um quarto todo pronto à espera de um bebé que nunca iria chegar. Gostava que eles tivessem que decidir se queriam ver os seus bebés sem vida ou não. Gostava que eles tivessem que decidir se queriam cremar ou enterrar os seus bebés, se queriam ficar com as cinzas ou não. Gostava que eles tivessem que separar a primeira roupa e o primeiro brinquedo para o filho deles levar na sua última viagem... Acima de tudo, gostava que eles sentissem a falta constante de algo que nunca poderá ser substituído.
Mas se calhar eles não têm momentos de lucidez, não devem ter... Porque se tivessem, não teriam desperdiçado o bem mais precioso que é um filho.

Amo-te Pipocas...
Um Beijinho da mãe, daqui até ao céu...