sexta-feira, 30 de outubro de 2015

19...

19 meses que te foste.
Foste para onde?
Porque foste?
Porque me deixaste?
Oh filha, tu e Deus sabem o quanto tenho lutado para estar bem... Mas não consigo sempre.
Tenho ódio.
Tenho raiva.
Sinto-me frustrada.
Sinto-me vazia.
Sinto-me  incompleta.
Hoje foi um dia destes. Não fiz nada, a não ser tratar do teu irmão. Deveria ter ido à rua, mas não conseguia... A mente mandava, o corpo não respondia.
Espero que perdoes  a mãe por nem sempre conseguir ver o melhor de tudo o que nos aconteceu... Espero que perdoes a mãe por vezes ficar tão triste e desejar ir ter contigo... Não, eu não tenho vontade real de acabar com a minha própria vida... Até porque sei que se o fizesse, não teria oportunidade de estar contigo... Mas às vezes dói tanto... Dói tanto...
Hoje vou fazer duas coisas importantes... Espero que me ajude a avançar.

Amo-te filha... Beijinho da mãe daqui até ao céu! <3

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Coincidências, acasos... A vida tem destas coisas.

Conheci-vos pela primeira vez estava eu grávida da minha Nô... Pensei para comigo como vocês podiam ter sido capazes de aguentar uma dor tão atroz e estarem ali, de pé, a sorrir...
Quis o destino ou lá como se chama, que a minha Nô fosse ter com a vossa Polegarzinha... Conheci primeiro o blog do André. Chorei com os vídeos da vossa Nô... Ela era uma guerreira em tamanho pequeno, mas tem a alma de um gigante.
Depois conheci o grupo... E depois de muito tempo (porque eu sou uma pessoa se compreensão extremamente lenta) lembrei do programa que havia assistido, e que vocês eram aqueles pais que sorriam, apesar de tudo.
Sempre tive algum receio de achegar-me a ti Ana, não queria incomodar, não queria que pensasses que só entrava em contacto convosco por causa do vosso "mediatismo"... Aos poucos percebi que eras uma mãe como eu. Uma mãe de colo vazio. Mas com muita força de vencer. Com muita boa vontade para ajudar quem precisasse. E vi que o André era um "campeonato à parte", porque quem é capaz de exprimir daquela maneira por palavras... Só pode ser alguém especial.
Passámos o período de gravidez juntas. Mais ou menos os mesmos medos. A meio do caminho, descobrimos que o Leo teria que lutar mais um bocadinho, mas que isso mais para frente só iria fazer dele um homem ainda melhor e mais forte.
O Leo nasceu. Chorei neste dia. Não só porque tinha as hormonas alteradas por causa da gravidez, mas porque a tua vitória foi também um bocado minha. Porque eu sabia o significado que ele tem nas vossas vidas... Que ele, tal como o meu Kiko, não veio para fazer esquecer a "manas Nôs"... Vieram para completar a nossa família, para nos fazer sentir mães por completo, não só mães de anjos...
Às vezes sinto-me pequenina ao pé de ti, porque o Leo... O Leo é um guerreiro (não fosse ele irmão de quem é) desde que nasceu. Ele merecia ter a vida mais calma o possível, mas não... Foi escolhido para ser forte, e vocês, tu e o André, apesar de haverem momentos em que por vezes sentem-se a ceder, encaram tudo de forma positiva e construtiva.
O nascimento do meu Francisco foi pacífico, ele é um bebé pacífico (dentro daquilo que é normal), e eu ainda assim... Enfim.
Obrigada pela tarde de quarta. Espero que se repita mais vezes.
Obrigada por teres perdido um bocadinho do teu tempo a ouvir-me... Fez-me tão bem, não imaginas o quanto.
Aguardo ansiosa pelo dia em que os nossos meninos vão nos dar cabo do juízo a correrem de um lado para o outro :')
E sempre que olhar para o vosso filho, vou sentir-me orgulhosa... Porque sei da onde ele veio e o que ele passou para ser o reguila que daqui há uns anos vamos ver.

Obrigada, por toda ajuda, por toda a paciência...
Obrigada André, pelo blog fantástico e que já me trouxe tanto conforto e aceitação...  A Nô e o Leo não poderiam ter outros pais... Eram vocês, e mais ninguém <3

Beijinho Nozinha... Beijinho Pipocas... Para as duas, daqui até ao céu!... <3

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Para ti, meu homenzinho

Foste a maior benção que Deus me poderia ter dado. Devolveste alguma cor à minha vida e a vontade de continuar a lutar, de viver... 
Preciso mais de ti do que tu precisas de mim. Porque ver-te crescer faz-me viver uma realidade que nunca vou ter com a tua irmã... Confesso que por vezes tenho medo de "visualizar" um futuro, porque tenho medo de que tu também me sejas tirado.
Nunca penses meu Amor que não és sufuciente para arrancar sorrisos da mamã... És o motivo dos meus sorrisos. És o menino dos meus olhos e foi por ti que eu não desisti quando naquela madrugada disseram que a mana havia partido... Eu sabia que tinha um longo caminho a percorrer, mas sabia que iria ser tua mãe.

Eu sabia que tu virias e que eu teria muito a ensinar-te, mas ainda mais a aprender contigo.
O teu nascimento trouxe ao de cima coisas menos boas, mas que de nada tens culpa... Quando tiveres idade para ler este blog, vais ter  idade para compreender também como eu me sentia a seguir a perda da Leonor.
Quero que cresças meu Amor, e que te tornes num homem com valores. Que continues a ser a alegria da minha vida, mesmo quando já tiveres pêlos debaixo dos braços e namoradas... Quero tentar absorver ao máximo aquilo que tenho de ti e que me dás agora, pois sei que um dia vais ser demasiado crescido para o meu colo e para deixar que te encha a barriguita de beijos...

És o homem da minha vida filho, tu e a tua irmã são os amores da minha vida... 


Amo-te muito Kikinho (vai ter piada leres isso quando já tiveres 1,80 cm) :P

Beijinho da mãe <3

Por vezes, a revolta teima em voltar...

Hoje não escrevo para ti filha, hoje escrevo porque preciso desabafar... Porque talvez, talvez se conseguir escrever alguma coisa do que sinto, talvez acabe por compreender o que se passa comigo.
Eu perdi a minha Leonor há 18 meses. 
Há 18 meses que eu não o que é não ter momentos de tristeza durante o dia. 
Há 18 meses que eu não sei o que é ir dormir a noite, desejando acordar amanhã sem o pesadelo da minha vida sem ela.
Há 18 meses que não consigo deixar de imaginar o que seria se ela estivesse cá... A minha psicóloga diz que este tipo de pensamento não é saudável, que não estou a deixá-la partir... Mas a questão... Eu no dia 02/04/2014 saí daquele hospital de braços vazios, feita em cacos. A minha filha ficou lá. No dia 03/04/2014, ela foi autopsiada e no dia 05/04/2014, o sofrimento do corpinho físico dela acabou para sempre, porque foi cremada.
A minha filha partiu e eu lido com isso. Todos os dias. Praticamente em todos os momentos. Eu percebo o que a minha psicóloga quer dizer com o "deixá-la partir"... Mas neste momento, não sei se me encontro preparada para o fazer. É tudo o que eu tenho dela. Essa dor que me consome. Esse ódio que me invade, essa revolta que me despedaça. Essa saudade que dói tanto. Essa tristeza de não poder ter uma segunda oportunidade com ela. 

Essa é a parte má que ainda me liga a ela... Mas existe a parte boa. Aliás, existem mais partes boas do que más, e ainda bem que assim é... A minha filha fez de mim quem eu sou hoje, para o bem e para o mal. Aprendi (e continuo a aprender) muito, cresci muito, perdi a paciência para coisas banais... Mas também ganhei "maus" hábitos. A vida perdeu parte da sua cor. Uma viagem, uma saída, um jantar, já não têm o mesmo sabor. As noites são horríveis, porque quase consigo tocá-la, mas depois ela volta a desaparecer... E fico eu, eu, a minha dor, a minha saudade...
São 01:00 hs da manhã. Precisei de medicamentos para a depressão e para dormir... No entanto, as noites continuam iguais. Levam tempo a passar... E me fazem pensar naquela madrugada de 01/04/2014...
Já tive tempo mais do que o suficiente para encaixar na cabeça que nada do que eu pudesse fazer poderia ter salvado a minha Leonor... Mas continuo a achar que falhei. Eu devia proteger-la. Não dizem que é dentro de nós que vocês estão seguros? O meu corpo traiu a minha filha... Sei que racionalmente falando não é assim, mas em dias como hoje... É só o que eu sinto.
Talvez sejam as festas de família que me ponham neste estado... O meu sogro faz anos no próximo domingo,, vão estar todos contentes, ainda por cima, este ano temos o pequenino que é a "continuação da espécie", mas... Onde fica a minha Leonor nisso tudo? Ninguém lembra... As pessoas não falam dela para não me magoar... Quando é tão ao contrário!

Oh filha, mas que porra de dias! Que saudade que me consome a alma! Que revolta por não poder ter outra oportunidade contigo... Tenho tantas saudades tuas meu amor, tantas...


Amo-te muito Pipocas...
Um beijinho da mãe... Daqui até ao céu! <3

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ventre Sagrado

Foi onde a minha Leonor viveu 40 semanas. 
Foi onde a Alice viveu 32 semanas.
Foi onde o Leo viveu 36 semanas.

O nosso ventre é a casa deles, onde foram amados, felizes e protegidos... Se bem que a questão da proteção... Em algum momento falhou... Enfim . São culpas com as quais por vezes ainda lido muito mal. 

Mas o meu ventre foi e será sempre a tua casa... Eras demasiado perfeita para este mundo..

 Amo-te filha... Um beijinho daqui até ao céu!

Um beijinho Alice... Um beijinho Leo <3