quinta-feira, 28 de abril de 2016

O Amor da minha Vida...

Descobri por esses dias o amor da minha vida...
Estava deitada na cama e umas mãos pequeninas destapam-me a barriga.
Com os seus mini dedinhos, encontra uma das 1500 estrias que tenho, e dá-me um beijinho ali (na verdade encosta a boca em nós e deixa ali um rastro de baba)...
E repetiu o mesmo gesto em outras estrias.
Eu, que não sou nada lamechas, fiquei com os olhos marejados de lágrimas... Como é que é possível amar alguém assim? Como é que é possível ele conseguir tornar algo que eu não lido lá muito bem em amor?
Olhei para ele e disse que era o amor da minha vida, ele e a mana.
Há 10 meses que vivo o maior amor do mundo...
Que não veio imediatamente, mas que só tem vindo a crescer.
Olho para ele e sorrio feito uma tonta quando descobre coisas novas...
Olho para ele a dormir e sento um amor gigante, que eu não sei de onde vem.
Sinto-me ansiosa por cada etapa que nos aguarda, apesar de achar que está a passar tudo muito rápido e ter alguma nostalgia quando olho para fotos dele ainda mais pequenino.

Hoje o Amor da Minha Vida faz 10 meses, e eu não podia estar mais feliz, e ele deu-me a conhecer o verdadeiro amor, que não cessa por uma birra ou por uma cabeçada no nariz (pergunto-me o porquê de um bebé ter uma cabeça tão rija), pelo contrário, só aumenta.

Parabéns my little man, bem vindo ao mundo dos dois dígitos 💙

terça-feira, 19 de abril de 2016

Não quero ser mais negra...

Ontem vi um programa falou sobre um assunto que me toca muito... Racismo.
Toca porque eu sou filha de pai branco e mãe negra, saí com várias características da minha família paterna, mas no que toca à cor, predominou mais a minha família materna.
Em pequena, lembro da minha avó paterna, descendente de portugueses e loira com olhos verdes lindos, dizer que eu não era negra e sim morena. E eu gostava da ideia, apesar de amar a minha mãe e uma irmã dela, não era negra como elas e sim morena.
Uma vez a minha avó levou-me a passear com ela, lá haviam outras crianças... E uma das meninas diz para a sua irmã mais nova não me dar a mão, porque eu era "preta". Aquilo doeu-me tanto... Mas por outro lado, percebi desde tenra idade o que era o racismo, e que sim, eu era negra.
A minha mãe sempre foi uma mulher bem resolvida e ensinou-me a ser bem resolvida com a minha cor também.
Venho de um país miscigenado, mas extremamente racista, nada velado... Portugal, ao seu modo, é também um país racista, mas não tão declarado.
Já passei por "boas" situações cá, como por exemplo, um professor de educação física dizer que não fazia mal a bola de voleibol estar rija e bater-me nos braços, pois com a minha cor, não se iam ver as nódoas negras.
Para mal dos meus pecados, nunca namorei com um rapaz de raça negra, não queriam saber de mim, lol...
O meu marido é loiro dos olhos verdes, branquinho, branquinho... Tive muito medo de conhecer a família dele, pois são todos branquinhos como ele, e eu, um combo, negra e brasileira... Mas graças à Deus, correu muito bem, não poderia me ter calhado sogros mais amorosos e que me recebessem tão bem desde o início...
Hoje temos um filho, que é bastante parecido com o pai, só que é mais moreno... Confesso que já pensei se ele terá vergonha de mim um dia mais tarde por eu ser negra, porque alguém lhe meta na cabeça que ser negro é mau...
Como disse acima, sou bem resolvida com a minha cor, mas espero estar também preparada para ensinar ao meu filho que ser negro, ou ter ascendência negra, não é nenhum bicho de sete cabeças... Mas ser racista sim, isso sim é feio, julgar as pessoas pelo seu tom de pele é uma das piores atitudes que um ser humano pode ter.
Voltando a reportagem de ontem, uma menina, disse que não gostava dela própria por ser negra... Tem 8 anos. E já carrega um fardo tão grande... Doeu e me vieram lágrimas aos olhos, ao pensar no que ela já teria passado para não gostar de si própria por ser negra...
Doeu também ver miúdos brancos a dizerem que não gostavam de ser negros, porque depois as pessoas já não iriam gostar deles... Qual são os valores que estes pais estão a passar para essas crianças? Que tipo de cidadãos estão a construir?
Sinceramente, tive medo do mundo que aguarda o meu filho...

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Chorar...

Estava na paragem, a olhar para o vazio, com o cérebro ligeiramente desligado.
Mais à frente, algo me chamou a atenção, uma senhora disfarçar as lágrimas... Ela não era muito mais velha que eu, mas tinha um ar cansado (mais cansado que o meu)... Ela bem tentava, mas as lágrimas teimavam em rolar e eu pus-me a pensar...
Tantas vezes estive no lugar dela. Precisava por para fora o nó no peito que me sufocava e não conseguia párar de chorar... Não sei se alguém reparou em mim, como eu reparei nesta senhora.
Tive vontade de lhe por a mão no ombro e dizer que, fosse o que fosse, no final ía ficar tudo bem. Mas confesso, tive receio. O mundo de hoje não está preparado para gestos espontâneos de carinho. Andam todos demasiado preocupados com as respectivas vidas, a lei do "o meu problema é maior do que o das outras pessoas" impera... Enfim.
Gostava de ter feito a essa senhora o que gostaria que me tivessem feito a mim, quando estive na mesma situação...

Comprar roupa...

Ontem fiz algo tão comum à tantas mães, fui comprar roupas para o meu mini gajo... Que está a deixar de ser mini a uma velocidade alucinante, tendo em conta que perdeu uns quantos pares de sapatos de uma semana para outra e algumas calças estão pela canela.
Ao ver roupas para ele, sem perceber bem como, dei por mim na zona de roupas para rapariga... E doeu.
Comecei inevitavelmente a pensar no que eu compraria para a Leonor, do alto dos seus dois anos de idade.
Por momentos "fugi" do mundo real, e permiti-me sonhar... Atrás de mim alguém diz que horas eram, e isso trouxe-me à realidade... Lembrei que tinha ido comprar roupa para o Francisco, não para ela.
Lembrei-me também das roupinhas que ficaram por usar... Por vezes vou ao quarto que seria dela ver essas roupinhas, sentir o cheiro a lavado, que ainda se mantém mesmo passados dois anos...
Tantas coisa por viver, tantos sonhos interrompidos, e o que me resta agora são lembranças... Vestidos, laços, collants cor de rosa, tapa fraldas... Tudo por usar. Tudo à espera de quem já não volta.
Lá comprei as roupas para o meu mini gajo, e vim embora com uma sensação estranha... 

Por vezes sinto-me um ET que anda por aí... Enfim.

Beijinho filhota...
Daqui até ao céu!