terça-feira, 19 de julho de 2016

A Prima dos Dois Lados

O papá, tu e o mano têm uma prima dos dois lados, a prima C.
No ano em que eu e o papá começamos a namorar, ela casou-se, pelo que o papá falou um bocado dela, contou que ela era filha de um irmão da avó Noémia, o tio J., e de uma irmã do avô Augusto, a tia Maria Leonor. Sim Princesa, te chamas Maria Leonor porque o papá quis fazer uma homenagem à tia, que também é madrinha do papá, junto com o tio J.
Não consigo explicar bem o porquê, talvez por ser a prima com quem o papá tem mais afinidade, simpatizei com ela, mesmo antes de a conhecer.
No ano em que nasceste, o tio J. veio cá ( eles não vivem em Portugal) e trouxe lembranças para ti... É tudo tão lindo! Chorei tanto ao abrir cada coisa, já havias partido e era tudo tão injusto... A prima C. enviou um postal, que guardei no meu quarto, ao pé de mim, junto com os outros "tesouros" que tenho teus.
O tempo passou, a mamã engravidou do mano e, adivinha... A prima C. também estava grávida de um rapaz! 
As nossas DPP eram próximas, ela no início de Junho, a mamã no início de Julho, mas o primo G. armou-se em preguiçoso e nasceu no dia 19/06, dois dias depois dos anos da mamã. E no dia 26/06 descobrimos que o mano ia nascer no dia 29/06... A parte engraçada disto tudo está em:

- O papá e a prima C. nasceram no mesmo ano, a prima no início e o papá no final;
- Foram ambos pais de dois rapazes, que não satisfeitos em nascer no mesmo ano, decidiram nascer no mesmo mês e só com 10 dias de diferença. :P

Durante a gravidez a mamã e a prima C. trocaram algumas mensagens e depois dos rapazes nascerem também, tanto quanto o nosso tempo permitia.
Quando começamos a planear o aniversário do mano, decidimos convidar a prima C., o primo M., o primo G. e o tio J., e eles vieram :)
A mamã finalmente pode conhecer a prima C. e ela excedeu as expectativas... Mais uma vez, não consigo explicar, e sei que em uma semana conheci uma ínfima parte dela, mas sabes aquele feeling que a mamã sentiu quando conheceu o papá ou a tia Paula? Senti o mesmo em relação à prima C. Não sei como, e até posso estar errada, mas senti que ela também seria "para sempre", uma constante nas nossas vidas, não só por ser vossa prima, mas porque tinha conquistado o lugar dela na "nossa" família, tinha conquistado o lugar dela em mim. Tendo em conta a distância física que nos separa, ainda não descobri como, mas simplesmente sei que eu e a prima C. ainda vamos ser grandes amigas.
Os doutores que tratam da mamã enfatizaram ambos que, quando me sentisse preparada, eu conseguiria dar algumas coisas do teu enxoval, e que seria um grande passo de avanço no meu luto. Até aqui a ideia me parecia totalmente descabida, cheguei mesmo a dizer que tal seria impossível, talvez o dia que eu fechasse os olhos para sempre, o mano já seria crescido, e ele sim tratava do teu enxoval.
Havia uma botinha, que a mamã comprou uns dias antes de nasceres, que decidi aproveitar para o mano. Era castanha, com pelinhos por dentro, bem quentinha... Acontece que o teu irmão tem o termostato avariado como o da mamã, sente demasiado calor, mesmo no inverno... Quando as botinhas lhe servissem, mesmo que estivéssemos em Dezembro, acho pouco provável que ele deixasse aquilo estar nos pés.
Um dia antes dos primos voltarem para casa, lembrei-me das botas. E pareceu fazer todo o sentido, era muito claro para mim, aquelas botinhas deveriam ser para o primo G. Onde eles vivem faz frio que justifique algo tão quente, e o primo G., por ser filho da prima C., neto da tia Maria Leonor, é também um pedacinho de ti... Por tanto, a primeira peça do teu enxoval que a mamã conseguiu dar tinha que ser  para ele.
E sabes de uma coisa? Os doutores tinham razão. Após ter dado o par de botas, não senti que te estivesse a trair, ou que estivesse a desfazer-me das tuas coisas para esquecer de ti... Não. Acima de tudo e como tudo que te envolve, senti amor. Amei-te mais ainda, como se tal fosse possível... E senti que estavas feliz. Por mim, por ti e por nós.
Acho que a prima C. não tem a noção do quanto tudo isso foi importante para mim, ou do quanto eles se tornaram especiais para nós.
Não sei se consegues estar com a tia Maria Leonor, não faço ideia do que se passa connosco quando partimos desse mundo... Mas se conseguires, dá um beijo enorme na tia Leonor, e diz também que ela está de parabéns, tem uma família linda <3

Amo-te muito, Pipocas...

Um beijinho da mãe, daqui até ao céu!... <3

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