sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Mais um Natal...

Sou mãe de rapariga de quase 21 meses e um rapaz de quase 6.
É o segundo Natal sem ela, e o primeiro com ele.
Foi uma alegria vê-lo encantado com as luzes, apesar de saber que ainda não percebe grande coisa do que se passa. Ele e a prima tinham roupas com o padrão igual, tiramos fotos... Faltava ali alguém. Deveriam ser três, e não somente eles os dois.
Este ano ela já conseguiria rasgar os papéis onde as prendas estariam embrulhadas. Este ano ela já brincaria mais com a prima. Era mais um ano em que lhe iria vestir como uma Princesa, com um laço vermelho e o vestido a condizer. Aliás, este ano iria vestir os dois com padrões iguais, como tantas vezes sonhei... Mas ela não está cá.
Estive bem a maior parte da noite. Tenho reaprendido a sorrir, aproveitar os momentos com o meu menino, porque ele merece...
Mas a ausência dela custa. Dói. Sufoca. Desespera.
Tenho saudades da minha Leonor...

Feliz Natal Pipocas!... Amo-te tanto meu amor, tanto...

Beijinho da mãe, daqui até ao céu!... <3

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Eu dou-me conta... Só não quero acreditar.

Eu dou-me conta de quando começo a fartar-me de algo.
Eu dou-me conta de quando começam a fartarem-se de mim.
Eu dou-me conta quando as coisas deixam de funcionar da mesma maneira e que a mínima coisa faz acender o rastilho de pólvora.
Eu dou-me conta disto tudo, mas não posso decidir dos pés para as mãos.
Eu dou-me conta, mas tenho um filho de 4 meses e tenho que pensar nele acima de tudo.
Mas se chegar o dia em que eu me der conta de que o melhor é seguirmos os dois, eu e o meu filho, eu também o faço.
As pessoas enganam-se comigo... Deveria ter sido actriz.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Recomeços...


Olá Pipocas!

A mãe voltou a falar com as outras mamãs que frequentaram o curso de preparação para o parto quando estava grávida de ti...
Vi algumas fotos... Eles têm, uns mais velhos (A Formiga tinha a mesma DPP que tu, mas decidiu vir bem mais cedo:P), outros mais novos, a mesma idade que tu... Não doeu tanto quanto eu pensei que doeria... Permiti-me, por momemntos, estar numa "realidade" alternativa e imaginar como seria se tudo tivesse corrido bem... Mas o teu mano (que já palra imenso) deu um grito daqueles deliciosos e trouxe-me de volta a um 2015, onde tu não estás. Mais uma vez, o meu bebé arco-íris fez-me continuar.

Fiquei feliz em ver os outros pequeninos, fiquei feliz por conseguir vê-los sem chorar, fiquei feliz por ler que elas não se esqueceram de ti, de nós...
 Acima de tudo, fiquei feliz por poder olhar para o teu mano e pensar "eu venci". Aquela doença levou-te sem que nos pudessemos defender, perdi-te... Mas o teu mano é a minha maior recompensa.
De facto, o tempo ajuda muito. Não apaga tudo, não faz párar de doer, mas nos dá outra forma de ver o que aconteceu... E em tudo, por muito mal que pareça, há sempre uma lição boa a tirar... E é isso que tu me dás, todos os dias, mesmo estando aí no sítio onde os anjos como tu moram... 
Levaste tanto de mim, mas deixaste ainda mais de ti em mim... E todos os dias demonstras isso. <3

Beijinho da mãe meu Amor... Daqui até ao céu!... <3

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

19...

19 meses que te foste.
Foste para onde?
Porque foste?
Porque me deixaste?
Oh filha, tu e Deus sabem o quanto tenho lutado para estar bem... Mas não consigo sempre.
Tenho ódio.
Tenho raiva.
Sinto-me frustrada.
Sinto-me vazia.
Sinto-me  incompleta.
Hoje foi um dia destes. Não fiz nada, a não ser tratar do teu irmão. Deveria ter ido à rua, mas não conseguia... A mente mandava, o corpo não respondia.
Espero que perdoes  a mãe por nem sempre conseguir ver o melhor de tudo o que nos aconteceu... Espero que perdoes a mãe por vezes ficar tão triste e desejar ir ter contigo... Não, eu não tenho vontade real de acabar com a minha própria vida... Até porque sei que se o fizesse, não teria oportunidade de estar contigo... Mas às vezes dói tanto... Dói tanto...
Hoje vou fazer duas coisas importantes... Espero que me ajude a avançar.

Amo-te filha... Beijinho da mãe daqui até ao céu! <3

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Coincidências, acasos... A vida tem destas coisas.

Conheci-vos pela primeira vez estava eu grávida da minha Nô... Pensei para comigo como vocês podiam ter sido capazes de aguentar uma dor tão atroz e estarem ali, de pé, a sorrir...
Quis o destino ou lá como se chama, que a minha Nô fosse ter com a vossa Polegarzinha... Conheci primeiro o blog do André. Chorei com os vídeos da vossa Nô... Ela era uma guerreira em tamanho pequeno, mas tem a alma de um gigante.
Depois conheci o grupo... E depois de muito tempo (porque eu sou uma pessoa se compreensão extremamente lenta) lembrei do programa que havia assistido, e que vocês eram aqueles pais que sorriam, apesar de tudo.
Sempre tive algum receio de achegar-me a ti Ana, não queria incomodar, não queria que pensasses que só entrava em contacto convosco por causa do vosso "mediatismo"... Aos poucos percebi que eras uma mãe como eu. Uma mãe de colo vazio. Mas com muita força de vencer. Com muita boa vontade para ajudar quem precisasse. E vi que o André era um "campeonato à parte", porque quem é capaz de exprimir daquela maneira por palavras... Só pode ser alguém especial.
Passámos o período de gravidez juntas. Mais ou menos os mesmos medos. A meio do caminho, descobrimos que o Leo teria que lutar mais um bocadinho, mas que isso mais para frente só iria fazer dele um homem ainda melhor e mais forte.
O Leo nasceu. Chorei neste dia. Não só porque tinha as hormonas alteradas por causa da gravidez, mas porque a tua vitória foi também um bocado minha. Porque eu sabia o significado que ele tem nas vossas vidas... Que ele, tal como o meu Kiko, não veio para fazer esquecer a "manas Nôs"... Vieram para completar a nossa família, para nos fazer sentir mães por completo, não só mães de anjos...
Às vezes sinto-me pequenina ao pé de ti, porque o Leo... O Leo é um guerreiro (não fosse ele irmão de quem é) desde que nasceu. Ele merecia ter a vida mais calma o possível, mas não... Foi escolhido para ser forte, e vocês, tu e o André, apesar de haverem momentos em que por vezes sentem-se a ceder, encaram tudo de forma positiva e construtiva.
O nascimento do meu Francisco foi pacífico, ele é um bebé pacífico (dentro daquilo que é normal), e eu ainda assim... Enfim.
Obrigada pela tarde de quarta. Espero que se repita mais vezes.
Obrigada por teres perdido um bocadinho do teu tempo a ouvir-me... Fez-me tão bem, não imaginas o quanto.
Aguardo ansiosa pelo dia em que os nossos meninos vão nos dar cabo do juízo a correrem de um lado para o outro :')
E sempre que olhar para o vosso filho, vou sentir-me orgulhosa... Porque sei da onde ele veio e o que ele passou para ser o reguila que daqui há uns anos vamos ver.

Obrigada, por toda ajuda, por toda a paciência...
Obrigada André, pelo blog fantástico e que já me trouxe tanto conforto e aceitação...  A Nô e o Leo não poderiam ter outros pais... Eram vocês, e mais ninguém <3

Beijinho Nozinha... Beijinho Pipocas... Para as duas, daqui até ao céu!... <3

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Para ti, meu homenzinho

Foste a maior benção que Deus me poderia ter dado. Devolveste alguma cor à minha vida e a vontade de continuar a lutar, de viver... 
Preciso mais de ti do que tu precisas de mim. Porque ver-te crescer faz-me viver uma realidade que nunca vou ter com a tua irmã... Confesso que por vezes tenho medo de "visualizar" um futuro, porque tenho medo de que tu também me sejas tirado.
Nunca penses meu Amor que não és sufuciente para arrancar sorrisos da mamã... És o motivo dos meus sorrisos. És o menino dos meus olhos e foi por ti que eu não desisti quando naquela madrugada disseram que a mana havia partido... Eu sabia que tinha um longo caminho a percorrer, mas sabia que iria ser tua mãe.

Eu sabia que tu virias e que eu teria muito a ensinar-te, mas ainda mais a aprender contigo.
O teu nascimento trouxe ao de cima coisas menos boas, mas que de nada tens culpa... Quando tiveres idade para ler este blog, vais ter  idade para compreender também como eu me sentia a seguir a perda da Leonor.
Quero que cresças meu Amor, e que te tornes num homem com valores. Que continues a ser a alegria da minha vida, mesmo quando já tiveres pêlos debaixo dos braços e namoradas... Quero tentar absorver ao máximo aquilo que tenho de ti e que me dás agora, pois sei que um dia vais ser demasiado crescido para o meu colo e para deixar que te encha a barriguita de beijos...

És o homem da minha vida filho, tu e a tua irmã são os amores da minha vida... 


Amo-te muito Kikinho (vai ter piada leres isso quando já tiveres 1,80 cm) :P

Beijinho da mãe <3

Por vezes, a revolta teima em voltar...

Hoje não escrevo para ti filha, hoje escrevo porque preciso desabafar... Porque talvez, talvez se conseguir escrever alguma coisa do que sinto, talvez acabe por compreender o que se passa comigo.
Eu perdi a minha Leonor há 18 meses. 
Há 18 meses que eu não o que é não ter momentos de tristeza durante o dia. 
Há 18 meses que eu não sei o que é ir dormir a noite, desejando acordar amanhã sem o pesadelo da minha vida sem ela.
Há 18 meses que não consigo deixar de imaginar o que seria se ela estivesse cá... A minha psicóloga diz que este tipo de pensamento não é saudável, que não estou a deixá-la partir... Mas a questão... Eu no dia 02/04/2014 saí daquele hospital de braços vazios, feita em cacos. A minha filha ficou lá. No dia 03/04/2014, ela foi autopsiada e no dia 05/04/2014, o sofrimento do corpinho físico dela acabou para sempre, porque foi cremada.
A minha filha partiu e eu lido com isso. Todos os dias. Praticamente em todos os momentos. Eu percebo o que a minha psicóloga quer dizer com o "deixá-la partir"... Mas neste momento, não sei se me encontro preparada para o fazer. É tudo o que eu tenho dela. Essa dor que me consome. Esse ódio que me invade, essa revolta que me despedaça. Essa saudade que dói tanto. Essa tristeza de não poder ter uma segunda oportunidade com ela. 

Essa é a parte má que ainda me liga a ela... Mas existe a parte boa. Aliás, existem mais partes boas do que más, e ainda bem que assim é... A minha filha fez de mim quem eu sou hoje, para o bem e para o mal. Aprendi (e continuo a aprender) muito, cresci muito, perdi a paciência para coisas banais... Mas também ganhei "maus" hábitos. A vida perdeu parte da sua cor. Uma viagem, uma saída, um jantar, já não têm o mesmo sabor. As noites são horríveis, porque quase consigo tocá-la, mas depois ela volta a desaparecer... E fico eu, eu, a minha dor, a minha saudade...
São 01:00 hs da manhã. Precisei de medicamentos para a depressão e para dormir... No entanto, as noites continuam iguais. Levam tempo a passar... E me fazem pensar naquela madrugada de 01/04/2014...
Já tive tempo mais do que o suficiente para encaixar na cabeça que nada do que eu pudesse fazer poderia ter salvado a minha Leonor... Mas continuo a achar que falhei. Eu devia proteger-la. Não dizem que é dentro de nós que vocês estão seguros? O meu corpo traiu a minha filha... Sei que racionalmente falando não é assim, mas em dias como hoje... É só o que eu sinto.
Talvez sejam as festas de família que me ponham neste estado... O meu sogro faz anos no próximo domingo,, vão estar todos contentes, ainda por cima, este ano temos o pequenino que é a "continuação da espécie", mas... Onde fica a minha Leonor nisso tudo? Ninguém lembra... As pessoas não falam dela para não me magoar... Quando é tão ao contrário!

Oh filha, mas que porra de dias! Que saudade que me consome a alma! Que revolta por não poder ter outra oportunidade contigo... Tenho tantas saudades tuas meu amor, tantas...


Amo-te muito Pipocas...
Um beijinho da mãe... Daqui até ao céu! <3

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ventre Sagrado

Foi onde a minha Leonor viveu 40 semanas. 
Foi onde a Alice viveu 32 semanas.
Foi onde o Leo viveu 36 semanas.

O nosso ventre é a casa deles, onde foram amados, felizes e protegidos... Se bem que a questão da proteção... Em algum momento falhou... Enfim . São culpas com as quais por vezes ainda lido muito mal. 

Mas o meu ventre foi e será sempre a tua casa... Eras demasiado perfeita para este mundo..

 Amo-te filha... Um beijinho daqui até ao céu!

Um beijinho Alice... Um beijinho Leo <3

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Última oportunidade...

Faz hoje 16 meses que nasceste.
Nesses 16 meses que se passaram, em todos eles, penso que, se de facto devias partir, gostava que me tivesse sido dada a oportunidade de me despedir de ti. Gostava de ter uma lembrança tua, com vida... Gostava de poder ter dito que és o melhor de mim e o quanto eu te amo. Gostava que pudesses ter levado um beijo meu contigo. Gostava que pudesses ter guardado para sempre o calor dos meus braços a te acalentarem. Gostava de poder ter dito "até logo minha Princesa, vemo-nos em breve..."
O teu mano tem agora 1 mês e 2 dias. Olho para ele, a cada dia muda. A cada dia tem uma nova conquista. A cada dia nos encanta com mais uma descoberta... E ao mesmo tempo que o meu coração transborda de alegria, sou invadida por uma tristeza imensa, porque a oportunidade de passar por tudo isso contigo me foi negada... E dói tanto... Ainda hoje, 16 meses depois, dói tanto...
Não tem sido fácil... As pessoas acham que te deveria "esquecer"... Pois afinal, agora tenho o mano.. São estúpidas. Não conseguem compreender que um filho é insubstituível. Que és tão minha filha quanto ele, independentemente de estares comigo fisicamente ou não... Estou tão cansada. Cansada que não me compreendam. Cansada de ouvir tanta estupidez junta. Cansada que me queiram obrigar a avançar, e deixar-te para trás... Enfim.
Se o génio da lâmpada existisse, não precisava de três desejos, um só chegava... Gostava de ter podido despedir-me de ti, de te ter visto com vida.

Parabéns pelos teus 16 meses Pipocas! :)
Beijinho da mãe... Daqui até aí céu, meu amor! <3

domingo, 3 de maio de 2015

Dia da Mãe

É o segundo.
É o segundo Dia da Mãe que eu passo contigo a um céu de distância.
Queria ter ido dar-te um balão... Ainda não foi esse ano. Para o próximo será diferente e a mamã vai lançar um balão para ti.
Tenho saudades tuas... Neste dia mais do que em qualquer outro.

Amo-te Pipocas...

Um beijinho da mãe... Daqui até ao céu! <3

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Treze meses...

Treze meses de tristeza.
Treze meses de lágrimas.
Treze meses de saudades.
Treze meses de vazio.
Treze meses de amor incondicional.
Treze meses de ensinamentos.
Treze meses em que aprendi, e continuo a aprender, a ver o mundo de outra maneira.
Treze meses que nasceste.
Treze meses de ti meu Amor.

Beijinho da mãe filhota... Daqui até ao céu! <3

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Os gatos

Eu sempre quis ter um animal de estimação.
Não me lembro de ser uma criança com medo de animais (à excepção daqueles mais nojentos), os cães sempre me fascinaram! Com os gatos, apesar de os achar lindos, sempre tive algum respeito, pois a reputação deles não é a melhor... De qualquer das formas, não me lembro de ter medo de gatos também.
Lembro que uma vez o avô Nelson apareceu com um cão pequenino lá em casa... Era lindo! Eu estava tão contente... Mas, para a minha sorte, (ou então não), sempre fui uma pessoa extremamente alérgica. E a avó Neusa sempre foi contra ao facto de haverem animais em casa, justamente por isso, o avô teve que devolver o cãozinho... Ainda hoje lembro-me do quanto chorei. Acho que o pequeno animal não passou mais do que umas horas na minha casa, mas foi o suficiente para me roubar o coração.
Passaram os anos, a vontade persistia, e lá convenci a avó a ter um bichinho. Um cão estava fora de questão, pois dão trabalho e, apesar de gostar imenso, não me estava a ver a levantar de manhã mais cedo que o habitual para ir levar o pobre animal à rua antes de ir trabalhar. Pelo que então, a escolha foi um gato. Mas qual gato? Um rafeiro. Comum Europeu, um nome mais pomposo. A filha de uma pessoa amiga que era veterinária tinha dois gatinhos para dar, um amarelo e um preto... Escolhi o amarelo. Nunca lhe vi uma fotografia, imaginava-o como a maioria dos gatos amarelos que andavam aí. O nome quem escolheu foi a avó, Miguel Maria.
30/11/2005. O dia que a minha vida mudou para sempre. O meu gato amarelo chegou... Bem, mais parecia um morcego amarelo, tinha umas orelhas enormes, um focinho pequeno e um acumulo de banha na zona da barriga. Ainda não tinha três meses.
Nunca foi um gato "normal". Nunca quis dormir sozinho, mas se o punhamos na cama, quem não dormia éramos nós. Gostava de companhia, de andar ao ombro, de dormir dentro de casacos. Sempre mostrou quando estava aborrecido, mordiscava-me o calcanhar para lhe dar comida, ainda que tivesse meia dúzia de bolotas na taça dele, eu tinha que por mais, sempre por volta das 20h.
Não era um gato que andava na vida dele e que às vezes lembrava dos donos, nunca foi... Era um gato que fazia dos donos a vida dele. Se estivéssemos em casa, lá estava o nosso companheiro connosco. Na maioria das vezes a dormir, mas estava sempre lá.
Em 2008, salvo erro, achamos que lhe fazia falta uma companhia... Tendo em conta que era castrado e que eu sempre ouvir dizer que as fêmeas têm uma personalidade mais vincada do que os machos (deve ser alguma condição inerente ao ser mulher), decidimos por mais um gatinho. Dessa vez a avó realizou um sonho... Um Maine Coon. Uma bola de pêlo autêntica. Ao contrário do meu Micos, o senhor Gabriel Maria (mais uma vez escolha da avó) era um gato de catálogo. Extremamente meigo, não sabe miar (uma característica da raça), um bocado atrapalhado em relação ao outro, um bocado mais independente, mas também muito amigo e companheiro.
O meu Micos não convivia com outros animais, mas logo adoptou o Bibis como filho... Entretanto, o Bibis trouxe um bicharoco qualquer, e o Micos ficou muito doente... Que dor. Eu pensei que ia perder o gato amarelo (que nessa altura já se parecia um gato a sério)... Mas graças à Deus recuperou. O Bibis também nos deu um susto... Dessa vez a culpa foi da avó. Deu-lhe um desparasitante que não era adequado ao peso dele, aquilo lhe atacou o fígado... Andou mesmo mal, mas também recuperou.
O meu Micos faz 10 anos em Setembro, e o Bibis 8 em Dezembro. Tenho ouvido histórias de gatos que duram imensos anos, tenho a noção de que vão durar mais alguns anos, mas não tantos quantos os que eu gostaria. Não vejo a minha vida sem eles. São uns companheiros gigantes.
No dia antes de partires, o Miguel andou sempre em cima da barriga, como se estivesse a despedir-se de ti... E lembro-me o quanto gostavas deles, mal se punham ao pé da barriga a ronronar, tu davas imensos pontapés :')
Depois de tu partires, quando eu e o pai voltamos para casa, eles também sabiam que algo não estava bem. Não miavam, não pediam festas... Limitavam-se a estar connosco, sempre connosco. Dormiamos muitas vezes até perto do 12:00h, e eles estavam ali, nos pés do sofá, connosco.
Conforme nós melhoramos, eles também começaram a arrebitar. 
Olho para eles a dormir, e pouca coisa no mundo me acalma tanto... As marradinhas, o amassar pãozinho, as lambidelas... <3
Peço a Deus que permita que os dois morram na minha presença, nos meus braços, a serem amados, como sempre foram. Não suporto a ideia de os ver sofrer... São os meus melhores amigos de quatro patas.
Não consigo conceber o que leva alguém a maltratar um animal... Depois das crianças, são os seres mais indefesos que existem.
Depois deles partirem, não quero a casa sem um animal de estimação. Não quero a casa sem um gato. Descobri no ano passado que sou alérgica a gatos, mas também sou ao pó e continuo a limpar a casa... Por tanto, tenho que convencer ao teu papá a termos outro gato. Ou dois, eles precisam de companhia :P
Mais do que os meus gatos precisarem de mim, sou eu que preciso deles...

Os nossos anjos, Miguel e Gabriel <3

Amo-te Pipocas! <3

Beijinho da mãe...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Mais uma vez, aquelas coisas que eu não compreendo...

Em Agosto do ano passado, houve um caso de uma bebé, que também se chamava Leonor e que também tinha quatro meses... Mas que não conheceu nada de bom enquanto cá esteve, uma vez que morreu vítima de actos de crueldade por parte dos próprios pais. Este caso tocou-me imenso na altura, pois eu dava tudo para te ter trago com vida para casa, e pessoas que tiveram essa oportunidade, não a souberam aproveitar.
Hoje, mais um.
Um bebé de seis meses que foi esfaqueado pelo próprio pai. E eu não compreendo... Não sei se estes ditos pais têm algum momento de consciência, mas se tiverem... Gostava tanto que eles sentissem o que eu senti. Gostava que eles amassem tanto os seus filhos e que a oportunidade de vê-los com vida e crescer lhes fosse tirada. Gostava que eles sentissem o desespero que eu senti quando soube que já não estavas connosco. Gostava que eles tivessem saído de braços vazios da maternidade. Gostava que eles tivessem chegado em casa e tivessem encontrado um quarto todo pronto à espera de um bebé que nunca iria chegar. Gostava que eles tivessem que decidir se queriam ver os seus bebés sem vida ou não. Gostava que eles tivessem que decidir se queriam cremar ou enterrar os seus bebés, se queriam ficar com as cinzas ou não. Gostava que eles tivessem que separar a primeira roupa e o primeiro brinquedo para o filho deles levar na sua última viagem... Acima de tudo, gostava que eles sentissem a falta constante de algo que nunca poderá ser substituído.
Mas se calhar eles não têm momentos de lucidez, não devem ter... Porque se tivessem, não teriam desperdiçado o bem mais precioso que é um filho.

Amo-te Pipocas...
Um Beijinho da mãe, daqui até ao céu...

quinta-feira, 19 de março de 2015

Dia do Pai

No ano passado, comprei um casaco ao pai.
Supostamente, faltavam 11 dias para tu nasceres. Nasceste 13 dias depois... Mas partiste um dia antes.
No saco da prenda, escrevi um bilhete em teu nome e disse que este ano a prenda era qualquer coisa com os teus pezinhos ou as tuas mãozinhas, já que serias demasiado pequena para fazer alguma coisa...
Hoje é novamente Dia do Pai... Passou um ano. E não sei o que dar de prenda ao pai. Ele não precisa de um casaco... Quero dizer, vinha a calhar, mas sinto-me sem ideias, e sem forças para magicar qualquer coisa. Hoje é daqueles dias em que não tenho orgulho nenhum de ter um anjo no céu a olhar por nós... Preferia que estivesses cá embaixo, connosco, com o teu pai... A fazer o dia dele mais feliz... A fazer o nosso dia mais feliz.
Já disse-te isso umas quantas vezes, mas nunca é de mais reforçar... Não poderia ter escolhido alguém melhor para ser o teu pai, para ser pai dos meus filhos.
O teu pai tem um feitio tramado, mas um coração enorme. Põe-nos à frente do próprio bem estar... Tem sido sempre assim, desde que o conheci. Não é só virtudes, mas os defeitos fazem parte... É perfeito com todas as imperfeições dele. Não demonstra o que sente, desde que partiste, a preocupação dele foi sempre que a mãe estivesse bem... Não fala muito de ti, mas sei que não é por não se recordar, porque acredito que tal como eu, não exista um dia em que ele não se lembra de que é pai... Que é pai de uma pequena que partiu cedo de mais. Ele não fala porque é a maneira dele de lidar com as coisas, tal como os avós Augusto e Noémia... Ainda no sábado falamos de ti, eu e avó Noémia... Ela disse que lembrava-se que estava quase a fazer um ano que havias nascido, mas que não havia dito nada porque não nos queria magoar... Fiquei com o coração quentinho, porque às vezes tenho a sensação de que só eu e o pai nos lembramos de ti, de que foste real só para nós e para mais ninguém... Mas não é assim. As pessoas lembram, mas não reagem todos da mesma maneira... E a mãe tem aprendido a gerir isso também.
Estávamos a falar do pai... Por tanto, o pai é um pai com P grande. E eu sei que tu sabes, porque isso de estar aí em cima dá-te privilégios que nós cá embaixo não temos :P

Dá um beijinho de Dia dos Pais grande no papá :)
E olha por ele, tal como tens feito no último ano...
Ahh, e não te esqueças também do avô Augusto e do avô João :)

Feliz Dia Dos Pais meu Amor! Obrigada por seres o homem e o pai que és, agradeço à Deus por me ter dado a ti e mais ninguém... Amo-te muito!!! <3

Amo-te filhota, saudades, sempre!...

Beijinho da mãe minha Pipoca <3

quinta-feira, 12 de março de 2015

Existem coisas do caraças...

Nunca, em todos os meus 31 anos de vida, me senti preparada para enterrar ou cremar a minha mãe...
Ninguém fica para a semente, é um facto, mas era demasiado surreal ter que enterrar a minha mãe... Não me sentia preparada.
No entanto, no próximo dia 5 faz um ano que tive que cremar a minha filha... O caminho inverso, a minha filha. De repente, ao me ver confrontada com isso, descobri que, afinal, me sinto preparada para o dia em que a minha mãe partir... Nada tem a ver com dor ou saudade, isso vou sentir sempre. Mas a verdade é que eu não me sentia preparada para lidar com a morte de alguma pessoa tão próxima , mas agora estou... Porque a morte... Faz parte da vida. As duas estão implícitas uma na outra, a única certeza que temos, todos, é que um dia a morte chega... Mais cedo ou mais tarde, acabamos todos por lá parar.
Compreendi também que a vida vai de facto muito para além da morte. E não estou a falar da parte fantasmagórica da coisa (até porque nisso não acredito), estou a falar que naquele dia, no dia do enterro ou da cremação, apenas nos despedimos do corpo físico do nosso ente querido que partiu... Aquela pessoa vai estar para sempre viva em nós. A recordação que temos com elas vão sempre fazer com que elas estejam na nossa vida. Claro que existem as saudades... E essas às vezes doem mais do que aquilo que imaginamos, mas de uma forma muito simples, continuamos ligados aquela pessoa que partiu.
Ninguém deixa de ser mais mãe ou pai porque faleceu... Nenhum filho deixa de ser menos importante porque faleceu antes dos pais... Continuam sempre vivos.
A minha filha foi ter com Deus antes de mim... Mas não é por isso que lhe sinto menos minha. Nasceu de mim. Fui eu que a carreguei, amei e pus sem vida no mundo... Tenho uma ligação eterna com ela... Uma ligação que vai para além da morte.
E posto isso, espero que a minha mãe leve muito tempo até que vá ter com a Nô... Mas quando acontecer, não é um adeus para sempre... É um até já. Porque um dia estaremos as três juntas, eu, a minha mãe e minha Nô... <3

Amo-te Pipocas!...

Beijinho da mãe <3

domingo, 1 de março de 2015

11...

Onze meses de ti meu Amor... <3
Saudades tuas minha Princesa, hoje e sempre!...

Amo-te muito minha Pipoca...

Beijinho da mãe <3

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Dias assim...

Existem dias assim...
Dias que correm bem, mas que são vazios... Vazios de ti.
Tenho saudades... Tenho saudades do futuro que não tive contigo.

Amo-te Pipocas, saudades... <3

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Mais um...

Hoje fazem 10 meses que nasceste minha Pipocas...
Ontem fez um ano que te vimos com vida pela última vez... Dois meses depois, partiste.
Esta situação é toda tão irreal... Já passaram 10 meses e ainda hoje parece-me irreal, olhar para trás e pensar que passámos por tudo isso... Tomar consciência, mais uma vez, de que não voltas, que é definitivo, dói tanto...
Tenho saudades do tempo em que tudo era mais fácil, do tempo onde eu acreditava que tudo iria correr bem. Tenho saudades de não me sentir constantemente assustada. Tenho saudades de não ter constantemente saudades de algo, saudades de ti.
Às vezes sinto-me sufocada na minha dor, apetece-me gritar, chorar... Apetece-me que tudo acabe, porque nada faz sentido sem ti...
Daqui à dois meses fazes 1 ano... E continuo não achar justo. Continua a doer tanto... Será que alguma vez passa? Será que alguma vez o fardo se torna mais leve? Será que alguma vez não vai doer tanto? Nesses dias, sinto-me tão cansada de tudo...

Parabéns minha Pipoca!... A mamã vai tentar não estar muito triste, porque é o teu dia.

Amo-te filha, tanto, tanto...
Um beijinho meu Amor, daqui até ao céu! <3

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Às vezes sinto-me tão pequenina...

Ontem a mamã viu uma reportagem na televisão que lhe levou a pensar... Mais do que aquilo que eu já ando a pensar.
Está bastante frio cá embaixo Princesa... E  a Câmara Municipal de Lisboa, tem um plano de contingência para os sem abrigo, caso a temperatura seja três graus ou menos. A parte boa é que não tem feito três graus... A parte má, é que rondamos os 4, 5 graus.
Ora bem, temos pessoas a viver na rua. Pessoas que normalmente não tem família, que vivem num mundo só deles, que lutam para sobreviver todos os dias, ao frio, à chuva e com fome.
Acho que ninguém escolhe chegar a esse estado de degradação. Ninguém vai viver para rua só porque sim.
Apareceu um sr, 50 anos. Era professor e tradutor de Português e Espanhol na República Checa... Fala em russo, alemão, francês... E vive na rua. Passa os dias na biblioteca, mas todas as noites volta para o cantinho dele e vai dormir ao relento.
Custou-me tanto... Eu tenho casa. Tenho comida. Tenho saúde. Tenho emprego. E às vezes ainda assim queixo-me da vida.
E aquele senhor? Só tem aos livros como companheiros, mais nada... Ele pediu um emprego. Um emprego para viver dignamente.
Quem me dera ter poder ajudá-lo. Ninguém deveria chegar a esse ponto, de humilhação, de falta de opção de vida...
Ao ver a vida daquelas pessoas, reforço a minha ideia: a tua partida foi cruel, e dói, como dói... Mas não tenho um problema. Tenho tudo para que possa viver com dignidade. E devia lembrar-me mais vezes disso. Ser grata por tudo aquilo que eu tenho, por aquilo que Deus não me deixa faltar, e por me sustentar.

Outras realidades filha... Outras vidas.

Beijinho da mãe! <3