terça-feira, 6 de setembro de 2016

Hospital de Santa Maria

Hoje tive que ir ao Hospital de Sta Maria.
No ano passado fui lá muito mais vezes, mas só conheci as urgências da obstetrícia e os pisos referentes à maternidade.
Hoje, conheci um bocado mais. A minha consulta era às 10:00, e eu cheguei relativamente cedo, por isso pude admirar a imponência, apesar da necessidade de obras urgente, daquele hospital em todo seu esplendor.
Corredores longos, antigos, se aqueles corredores falassem, quantas histórias alegres e tristes no contrariam?
Uma vez li um livro de um escritor norueguês, onde duas das personagens principais se perdiam numa ilha... Uma ilha que aumentava de tamanho cada vez que eles embrenhavam-se nela.
O Sta Maria é assim.
É um hospital que não tem fim. Para todos os lados em todos os andares, vês pessoas a sair e a entrar, pessoas mais simpáticas, outras nem por isso...
Aquele edifício, aquela obra magnânima de arquitetura para a sua época...
Vai sempre ficar-me na memória.
Foi lá que tive o meu bebé arco-íris.
As enfermeiras, pelo menos a maior parte delas, não sabiam que eu tinha perdido a minha menina 15 meses antes às 40 semanas, foram sempre queridas e meigas... Podia dar-se o caso de haver alguma "comoção" por causa da minha história, mas não. Elas amam aquilo que fazem. Duas enfermeiras em particular, nas duas noites em que lá fiquei tive uma delas ao pé de mim, até que eu parasse de chorar... Porque lembrava-me da minha Leonor, e porque queria o meu marido mais próximos de nós, e porque eu ganhei uma fobia horrível de hospitais.
E a outra esteve, de madrugada, durante quase 3 horas para fazer o meu filho comer... E como tentámos, mas sem resultado, o rapaz queria era dormir.
E se as coincidências existem, estava uma mãe que também teve um rapaz e era minha companheira de quarto... E que havia perdido a sua Maria in útero. Fomos o apoio uma da outra.
Gosto daquele hospital. É esquisito uma pessoa falar que gosta de um hospital, mas eu gosto.
Apesar do medo que me assaltava, fomos muito bem tratados.
Merecia obras, volto a dizer... Para que os profissionais fantásticos que lá trabalham tivessem condições de exercer a medicina que sabem, e que tanto bom nome dão aquele edifício.

Não dormi nas duas noites em que lá estive. Primeiro, demasiada adrenalina. Depois, medo que o meu menino deixasse de respirar... Acabei por pô-lo na minha cama e fiquei a observar cada traço, a tentar encontrar parecenças... E de noite um hospital também não dorme. Eram apitos. Eram mães aflitas porque os bebés tinham cólica e elas não sabiam o que fazer. Eram as enfermeiras a pedir relatório do bebé "Comeu? Durante quanto tempo? Fez xixi? Evacuou?"
E assim estava eu perdida no meio de um hospital gigantesco, a sentir-me pequenina e a sentir o meu menino ainda mais pequenino.
É um hospital que mais parece uma casa enorme, que está sempre disposto a receber as pessoas da melhor maneira que ele sabe...

Gosto muito daquele hospital ❤️

T. 

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