Ontem fizeram 29 meses, ou 2 anos e 5 meses, 883 dias que a minha Leonor nasceu adormecida... Realmente, o tempo nos surpreende. Já passou uns quantos dias desde que ela nasceu, mas o tempo, para mim... Estes dias doem como se estivesse a passar por tudo outra vez, só que, sozinha.
As pessoas têm um certo problema com a morte ou com o luto.
Não pessoas, não é por dizerem "já passou tanto tempo, tens um menino lindo contigo". Ou essa, quando ouço esta começo logo com comichões: "Deus já te abençoou com outro bebé, se a sua filha estiver a ver vai gostar de lhe ver feliz com o irmão".
A pérolas dessas, sou obrigada a responder: "Bem, efectivamente, sou eternamente grata à Ele por me dar um menino que é a luz dos meus olhos.
No entanto, não possso dizer que não tenha uma certa... Mágoa? Tristeza? Será que culpo-O por ter permitido que a minha menina partisse?
Não sei, mas no dia em que ela faleceu, fomos internados, depois de ouvir o meu marido a chorar a contar a família mais próxima, depois de ter dado a notícia à minha mãe, que atende com a voz mais feliz do mundo porque, finalmente, lhe tinha nascido a primeira neta, e eu a dizer: "Mãe ouve-me... Maria Leonor morreu dentro da minha barriga." E ouço ela e o marido a caírem num desespero de outro mundo...
A minha sogra também nos foi ver neste dia, deixaram-na entrar, e aquele abraço... Não foi dado de sogra para nora. Era de mãe para mãe. Mãe para uma filha.
No final do dia nasceste e levaram-te logo, porque eu não te quis ver (perdoa-me meu amor, eu devia ter-te visto, sonhava contigo e depois partes e eu não capaz de dar-te um beijinho, para levares contigo, desculpa meu amor, era o que eu conseguia fazer naquela altura... Perdão Princesa Mamã).
Por tanto, pessoas, sem dúvida nenhuma que eu mudei. Perder um filho é ao contrário de tudo. É a vida apanhar-te na maior rasteira. É morrer e voltar a ressucitar sem um pedaço... Perder um filho... Não desejo nem ao meu pior inimigo.
Não vale a pena dizer "que já passou", "que vou ter outro", "que Deus sabe o que faz".
Se não souberem o que dizer, digam só "estou aqui". Isto chega e um conforto enorme.
Mas também de nós... Somos as mesmas, só com menos um braço, por exemplo.
Mas também de nós... Somos as mesmas, só com menos um braço, por exemplo.
Sim porque perder um filho é como perder um membro do corpo... Habituaste a viver sem ele, mas só nós sabemos a falta que nos faz.
Beijinho da mamã Princesa,
daqui até ao céu!...
daqui até ao céu!...
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