sexta-feira, 2 de setembro de 2016

883 dias...

Ontem fizeram 29 meses, ou 2 anos e 5 meses, 883 dias que a minha Leonor nasceu adormecida... Realmente, o tempo nos surpreende.  Já passou uns quantos dias desde  que ela nasceu, mas o tempo, para mim... Estes dias doem como se estivesse a passar por tudo outra vez, só que, sozinha.
As pessoas têm um certo problema com a morte ou com o luto.
Não pessoas, não é por dizerem "já passou tanto tempo, tens um menino lindo contigo". Ou essa, quando ouço esta começo logo com comichões: "Deus já te abençoou com outro bebé, se a sua filha estiver a ver vai gostar de lhe ver feliz com o irmão".
A pérolas dessas, sou obrigada a responder: "Bem, efectivamente, sou eternamente grata à Ele por me dar um menino que é a luz dos meus olhos.
No entanto, não possso dizer que não tenha uma certa... Mágoa? Tristeza? Será que culpo-O por ter permitido que a minha menina partisse?
Não sei, mas no dia em que ela faleceu, fomos internados, depois de ouvir o meu marido a chorar a contar a família mais próxima, depois de ter dado a notícia à minha mãe, que atende com a voz mais feliz do mundo porque, finalmente, lhe tinha nascido a primeira neta, e eu a dizer: "Mãe ouve-me... Maria Leonor morreu dentro da minha barriga." E ouço ela e o marido a caírem num desespero de outro mundo...
A minha sogra também nos foi ver neste dia, deixaram-na entrar, e aquele abraço... Não foi dado de sogra para nora. Era de mãe para mãe. Mãe para uma filha.
No final do dia nasceste e levaram-te logo, porque eu não te quis ver (perdoa-me meu amor, eu devia ter-te visto, sonhava contigo e depois partes e eu não capaz de dar-te um beijinho, para levares contigo, desculpa meu amor, era o que eu conseguia fazer naquela altura... Perdão Princesa Mamã).
Por tanto, pessoas, sem dúvida nenhuma que eu mudei. Perder um filho é ao contrário de tudo. É a vida apanhar-te na maior rasteira. É morrer e voltar a ressucitar sem um pedaço... Perder um filho... Não desejo nem ao meu pior inimigo.
Não vale a pena dizer "que já passou", "que vou ter outro", "que Deus sabe o que faz".
Se não souberem o que dizer, digam só "estou aqui". Isto chega e um conforto enorme.
Mas também de nós... Somos as mesmas, só com menos um braço, por exemplo.
Sim porque perder um filho é como perder um membro do corpo... Habituaste a viver sem ele, mas só nós sabemos a falta que nos faz.

Beijinho da mamã Princesa,
daqui até ao céu!...


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